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sábado, 18 de abril de 2015

é isso

Conviver com um transtorno alimentar é isso. É perder quilos e amigos. É não caber em roupas e em si. É querer se conter. É querer explodir. É ser contradição. É não temer dizer não. É querer desistir de restringir. E no fim, sempre desistir de desistir. Ter um transtorno alimentar não é comer pra viver, é viver pra não comer. É se olhar no espelho e não se reconhecer. É perceber que sua alma se perdeu sob seus ossos, a cada dia mais expostos. É sair de casa e sempre dar de cara com questionários e comentários. É ser invadida, observada. É estar sempre cansada. E, por tudo isso, querer se prender e se perder dentro de si. É querer ter motivos para sorrir, se esquecendo de que sempre tem motivos por aí. É, todos os dias, deixar o hoje pra amanhã. É chegar ao seu limite e sempre achar que poderia ser pior. É acreditar que se consegue seguir só. E que, consigo, nada demais e de mal vai acontecer. É ser internada e só aí perceber que não se consegue seguir só, que algo de mal sempre esteve prestes a acontecer, que os motivos para sorrisos estavam comigo, mas eu não pude ver. É fazer do meu corpo um campo de batalha. É decidir lutar, todos os dias, contra sua própria mente. E ir reaprendendo a viver como se aprende a andar: calma e gradativamente. Caindo, mas levantando e seguindo.