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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

a famosa doença da moda - dia três

O carnaval acaba de começar. E nesse ano, veio invadindo tudo o que é lugar. Dá até pra escolher de qual participar: do carnaval das avenidas ou deste que se passa na minha vida. Mas vou logo avisando: ambos estão agitados, desorganizados, lotados. Os refrões vazios que lotam ruas são tåo cansativos e repetitivos quanto os procedimentos hospitalares. E os versos nada poéticos que agridem a avenida rimam com as especulações que já fazem parte da minha rotina. No primeiro dia de internação, estava eu ali, sentada, desesperada, parada, a ficha já caída, eu ainda não conformada, quando percebi que mais um jaleco branco se aproximava. Nos útimos dias, desenvolvi uma teoria (ou talvez um preconceito chamado de outro jeito pra parecer menos feio): a qualidade de um médico é denunciada pela sua abordagem. E aquele jaleco branco me abordou como fazem os meus parentes distantes, vizinhos, conhecidos, com as mesmas perguntas leigas feitas sem a menor sensibilidade. Não, eu não desenvolvi um distúrbio alimentar restritivo por  moda, por sonhar em ser modelo, por motivos desse tipo, baseados em vaidade. Sempre me senti feliz por ser alheia a esse tipo de futilidade. No entanto, aconteceu. E aqui estou eu, presa a esta magreza graças à famosa doença da moda. Aconteceu. Como um tumor acontece. Um tumor resulta de uma falha na atividade celular, enquanto uma soma de falhas psicológicas impulsionam um distúrbio alimentar. Ambos são doenças que ninguém escolheria ter, mas que podem simplesmente acontecer. E agora? O que fazer? É reaprender a viver. É lutar contra este carnaval agitado, desorganizado, lotado que há algum tempo eu guardo.

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